quarta-feira, 31 de maio de 2017

Artigo sobre Autismo e Nutrição

AUTISMO E NUTRIÇÃO


Os Transtornos do Espectro do Autismo (TEA) compreendem uma série de distúrbios do desenvolvimento neurológico, sendo que uma adequada intervenção alimentar ou nutricional pode contribuir para minimizar alguns dos comportamentos associados.

A causa e a cura do autismo são ainda desconhecidas, contudo se sabe que são comprometidas as capacidades necessárias a um correto crescimento e interação social. Com uma crescente prevalência, começa a merecer cada vez maior atenção por parte dos profissionais de saúde. Entre os problemas mais frequentemente identificados em indivíduos autistas estão patologias gastrointestinais e carências vitamínicas. Apesar de conhecidas alterações genéticas, a etiologia do autismo parece bastante difícil de esclarecer, revelando-se multifatorial. Diversos são os fatores de risco estudados como possíveis promotores do espectro e várias formas alternativas de tratamento têm sido propostas, entre as quais se incluem diversas formas de intervenção nutricional. Por um lado, a suplementação multivitamínica, em ácidos gordos ómega-3 e em ácido fólico tem sido bastante utilizada para melhorar o estado nutricional de autistas. Por outro lado, tem-se revelado crescente a aposta numa alimentação isenta de caseína e glúten. Também o estado nutricional e metabólico durante a gestação parece ser importante no desenvolvimento do espectro autista.

A Literatura científica tem mostrado, com relação à alimentação, os três aspectos mais marcantes que são: seletividade, recusa e indisciplina. Alguns pais oferecem para suas crianças uma dieta sem glúten e caseína, entretanto alguns pesquisadores aconselham o suplemento da dieta com vitamina B6 e magnésio. Alguns autores afirmam que o glúten e a caseína causam sensação de prazer que por sua vez também causam hiperatividade, falta de concentração, irritabilidade, dificuldade na interação da comunicação e sociabilidade.

O que fica claro é que a alimentação e a nutrição são importantes na gestão do autismo, justificando os cuidados dietéticos individualizados no momento do seu tratamento pois, cada criança com TEA tem uma combinação de anormalidades clinicas e laboratoriais que lhe são próprias. Uma apropriada intervenção dietética permite um maior alívio dos sintomas da doença, em conjunto com as terapias.

As escolhas alimentares certas têm tido grandes resultados positivos em doenças neurológicas.
Um estudo de Knivsberg et al. de 2002 com a duração de 12 meses num grupo de 20 crianças autistas em que, a idade média do grupo de intervenção foi de 91 meses (7,5 anos) e a faixa etária média do grupo de controle foi de 86 meses (7 anos), avaliou os efeitos de uma dieta isenta em glúten e caseína versus uma dieta normal. Das 20 crianças autistas (10 com dieta isenta em glúten e caseína e 10 com dieta normal), observou-se que o desenvolvimento foi significativamente maior nas 10 crianças “expostas” à dieta isenta em glúten e caseína, ao apresentarem significativamente menores traços autistas e uma maior capacidade comunicativa e linguística sendo que, em contrário, a diferença de valores não foi significativa quanto aos problemas motores.

Os diversos estudos científicos que vem surgindo sobre a alimentação do autista, associados à experiência de pessoas diretamente envolvidas, especialmente mães ou cuidadores, vêm contribuindo para a melhoria dos comportamentos e atitudes próprias destes portadores, mas vale ressaltar a necessidade de mais estudos abordando os aspectos nutricionais do autista e dos portadores de espectros do autismo.

É importante que crianças e adolescentes com deficiências, em especial aquelas que são propensas a riscos nutricionais, sejam acompanhadas por profissionais, sendo estimuladas a terem uma alimentação equilibrada para a idade, com alimentos devidamente selecionados, de qualidade e de forma segura ao prepará-los. A alimentação adequada e balanceada nutricionalmente, de fato assegura uma melhor qualidade de vida. Pois, são nos alimentos que encontramos os combustíveis que levam ao crescimento, desenvolvimento, modulação da imunidade, energia e equilíbrio para o organismo.

LORENA COSTA
NUTRICIONISTA APAE RIO
CRN:08100292

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